O chamado do abismo não lhes deixa descansar.
A voz em suas cabeças lhes ordena. Vão matar!
Coloquem fogo nos campos, dispersem as multidões.
Deem vazão a todo o ódio que habita em seus corações.
Furem olhos, quebrem ossos, costelas, destruam sonhos.
Com suas botas, cacetetes, balas, coletes medonhos.
Comemorem com orgulho o cumprimento do dever.
Do mais odioso lema, que é servir e proteger.
Servindo a quem tudo pode, sem sentir ou questionar.
O desejo que em si explode, de ferir, de chacinar.
Que orgulho eles ostentam, que desculpa eles alegam?
Instrumentos da violência, que de bom grado carregam?
Só nos dobram pelo medo, não nos inspiram respeito.
Esse estandarte infame, esse que lhes adorna o peito.
Sua história lhes faz jus, com seus incontáveis golpes.
Com suas pompas, cerimônias, em seus corceis a galope.
Vergonha, ignomínia, quantos crimes a reparar.
Se a história fosse justa, os poria em seu lugar.
Assassínios, extermínios, roubos, propinas, entreguismo.
Fardas manchadas com a lama do mais falso moralismo.