Antes meu vício era a boêmia,
Os segredos do mundo,
E os segundos profundos,
Agora meu vício é você,
Seus olhos escuros,
E o que nunca se vê.
Antes vivia os dias felizes,
Com olhares tristonhos,
E as lágrimas de um sorriso moravam em meu rosto,
Agora vivo em porre,
Embriagado de amor,
Dançando o samba que a saudade me deixou,
E não há mais tempo para se viver,
Não há mais tempo para chorar,
Não há mais tempo para sofrer,
Só há tempo para sentir,
Sentir a batida do seu amor cor de carnaval.
Antes estava preso nessa alma carnal,
Onde a lamina mata,
O disparo mata,
A tristeza mata,
Agora vivo no seu espírito de festa,
E me encontro imortal,
Pois se a dor é espada,
Se a saudade é alvo,
E a tristeza dorme em meu corpo,
Não há do que se morrer.
Antes meu vício era a vida,
O silêncio da beleza do mundo,
E os discursos de um poeta profundo,
É que antes,
Eu não te conhecia,
E vivia a boêmia,
Agora vivo á você,
E vejo o que nunca se vê,
Ouço o que nunca se canta,
O que nunca se dança,
O que nunca morre,
Vejo o amor.