Pedro Castro

Amor ao agora

 

Antes meu vício era a boêmia,

Os segredos do mundo,

E os segundos profundos,

Agora meu vício é você,

Seus olhos escuros,

E o que nunca se vê.

 

 

 

 

Antes vivia os dias felizes,

Com olhares tristonhos,

E as lágrimas de um sorriso moravam em meu rosto,

Agora vivo em porre,

Embriagado de amor,

Dançando o samba que a saudade me deixou,

E não há mais tempo para se viver,

Não há mais tempo para chorar,

Não há mais tempo para sofrer,

Só há tempo para sentir,

Sentir a batida do seu amor cor de carnaval.

 

 

 

Antes estava preso nessa alma carnal,

Onde a lamina mata,

O disparo mata,

A tristeza mata,

Agora vivo no seu espírito de festa,

E me encontro imortal,

Pois se a dor é espada,

Se a saudade é alvo,

E a tristeza dorme em meu corpo,

Não há do que se morrer.

 

 

 

 

Antes meu vício era a vida,

O silêncio da beleza do mundo,

E os discursos de um poeta profundo,

É que antes,

Eu não te conhecia,

E vivia a boêmia,

Agora vivo á você,

E vejo o que nunca se vê,

Ouço o que nunca se canta,

O que nunca se dança,

O que nunca morre,

Vejo o amor.