Victor Severo

Amargo âmago.

A verdade vou lhes dizer.

Sempre me senti sozinho.

Afogado em mim mesmo.

Cravejado de espinhos.

Sem nada para me valer.

Desse existir mesquinho.

Ninguém vem me socorrer.

 

Sinto alojada na boca do estômago.

A dor pulsante disfarçada de prazer.

Gases tóxicos me envenenam o âmago.

Levam-me a tudo e a todos maldizer.

 

A mentira vou lhes contar.

Afastei de mim todo o medo.

A egoísta vontade de amar.

Soterrado em segredos.

Que não ouso confessar.

Sou feliz nesse degredo.

Que eu mesmo fui buscar.

 

Sinto encravada nas costas da minha alma.

A lâmina enferrujada que tetaniza o meu ser.

Tal qual Excalibur que para sempre jaz alojada.

Na rocha sepulcral desse eterno padecer.