Ema Machado

Na calada da noite...

 

 

Uma estrela, ao longe me espia

Vejo-a, absorta por minha solidão vazia

Abre furinhos na escuridão...

Não está, como eu sozinha

Vive cercada, pela lua e por milhares de irmãzinhas...

Fragmento o espaço, entre mim e ela, imensidão

Sou poeira, enquanto ela brinca, pisca em minha direção

Contemplo o ontem, quando, alegre olhava o céu

Nuvens desfilavam, pareciam figuras ao sol

Hoje sou eu a figura, na noite, a ser contemplada

Na janela, aqui estática, sem céu, sem chão...

Uma estrela-cadente, risca a escuridão

Meu olhar despenca, arremesso um suspiro

Os olhos ardem, se fecham

Morfeu se aproxima, chama...

Sonhar é bom...