//meuladopoetico.com/

Elfrans Silva

MONJOLO


               MONJOLO 

Feito de um lenho bravo, 
do tempo do domado escravo
Dando charme à propriedade
Duro tronco em descavo
Forma a concha como um vaso
Útil e de praticidade 

Guatambu, maçaranduba
Com fogo pra escavar a cuba
A haste e a mão de pilão
A força da queda d\'água
Em desnível, na concha deságua 
No movimento de impulsão 


Movimento de sobe e desce
Que o solo se estremece
Na moenda do duro grão    
De tronco roliço de eucalipto 
Não era um moinho bonito
Mas dava cabo à produção 

Ritmada na pachorra
Mais lembrava a gangorra
Suspensa e rente ao solo
A cuba que ao se encher
Faz a ponta da estaca se erguer
E se esvazia pra dar força ao monjolo 

O grão vai sendo martelado
Num pilão que no solo é cravado
Onde o milho há de se tornar fubá 
Uma peça imóvel e vertical
Sobre outra móvel e horizontal 
Sobe e desce para o grão esmiuçar. 

Monjolos de tipos variados 
Os de pé, de roda e de rabo
Hidráulicos e os de martelo
Um soquete, bruto, resistente
Sóca e mói, o grão e a semente
Que no cocho é reduzido a farelo 

Deste rústico utensílio 
Advém fubá e a farinha de milho
Cada qual na sua definição 
Bolos, polenta e angus,
Flocos, farofas e cuscuz
É comida de tanta tradição