Eu queria compreender-te a alma, poeta!
conhecer a tua desmedida ânsia de amar
vislumbrar o mundo onde habita
a tua alma inquieta...
Pudesse humanizar o divino
que existe em tua veia pulsante
trazer-te para o chão um só instante
p’ra escutar de perto a cítara
que vibra em teu coração...
Sondar-te os arcanos insondáveis
no sagrado momento
em que recolhes do cotidiano
doces rastros de sorrisos e de lágrimas
retalhos anônimos de faces sem nomes
p’ra compor os teus poemas canções...
Parece-me captar as ondas das emoções
que carregas em segredo,
misto de prazer e de medo
sob o véu do teu aconchego...
Escravo e senhor. Dominado e dominador
assim, é, poeta, o teu mundo em desassossego
poesia destravada, de incoerência e paixão
labareda atirada a esmo
capaz de incendiar livre o mundo de fora
tão cheia de ti mesmo!
Maria Lucia (Centelha )