Abel Ribeiro
Os mistérios meu e seu
Não há um só humano que não tenha na sua mente mistérios que lhe rondam constantemente. Há em todos nós perguntas sobre nós. Elas muitas vezes são segredos e outras vezes se expressam em dias de tristeza de ou alegria em gestos rápidos.
Talvez seja por isso que muitas mentes frágeis busquem na religião a saída que está em si mesma, dai tornam-se reféns do transcendente quando a verdade é uma linha frágil da vida que só se encontra quando nos encontramos consigo mesmo. Claro que nesse labirinto o erro é uma necessidade do convívio social que nos faz descobrir em certas circunstancias muito mais que o acerto.
Eu, às vezes escrevo como agora estou para soltar minhas palavras ao mundo de maneira que as verdades guardadas em mim se tornem públicas. Não preciso de um livro sagrado e nem de conselhos para isso fazer. Meus sonhos e pesadelos são meus e de mais ninguém e não sei explica-los por inteiro; eles se expressam no meu íntimo de forma distorcida como um filme de ficção.
Contentemo-nos em aprender, (des)aprender e aprender, para isso a saída é viver intensamente essa enigmática vida. A gente peca muitas vezes como por se enfrentar com nossa consciência e deixa nosso inconsciente se manifestar da maneira que achar melhor, nos rendemos as convenções e o quotidiano nos move como uma tempestade arrasta a pequena nau.
Há ainda aqueles que buscam uma substância que lhe dê uma resposta, um rumo; seja cigarro, cerveja, maconha, ópio ou quem sabe todas as drogas que entorpecem sua alma temporariamente e o destrói. Venho intuindo que o maior exercício da vida e o mais difícil é se olhar, é perceber-se a si mesmo. As vezes isso acontece quando estamos de frente com um psicólogo, terapeuta ou amigo, mas nuca é o suficiente.
A descoberta do eu é isso, somos insuficientes a nós mesmos, não nos bastamos e precisamos sempre do outro para aprender e nos responder o que em nós é vida.