Se eu pudesse comprar
Só uma lua
Ah , Ar ! compraria eu
Como tu não é só minha
Eterna e faiscante lua
Fico a te enamorar
Calado sem você
Cansado ao te ver
E distante suspiro
Brilha tu , oh diamante!
Penumbra eu afastado
Tenro céu seu exuberante
Afagas nuvens distantes
Véu e grinalda como d’antes!
Fica branca linda
Redonda esfera branca
Irradia o doce da volta
Seu estrelares deslizados
Sopre sua alma calma
Ilumine o que se foi
Deságue o desatino
Eterna lua sem destino.
E eu que fui criado desatado
Feito pedra de atiradeira
Feito rio de eterna beira
Feito canção de ninar
Fui sim criado desregrado
No verso desenhado
Feito carrinho de rolimã
Da carrapeta assanhada
Das descidas de tobogã
Dos banhos sem piscina
Da bicicleta insubmissa
Do vento e da brisa
E da noite esquecida
Inda juntando figurinhas
Do álbum incompleto
Da carrapeta sofrida
Pelo cordão da vida
Do triângulo de bilas
Bolas de gudes para alguns
Para mim tento doce feito febre sã.
Motta, R
Vinte e 9 de maio de 20 e 1.
Juazeiro do Norte, Estado de Graça do CARIRI.