Ema Machado

Dom de voar...

 

 

Quisera voar...

Alcançar picos e montes

Desenhar o horizonte num voo rasante...

Doce enlevo...  Se possível fosse

Tenho ainda, asas de papel...

Meu pensamento fósmeo, faz-me poeta itinerante...

Hoje voei, pensei ser e fui Ícaro...

E como ele, despenco, volto à realidade

Minhas asas, são de papel...

Como alcançarei o céu?

Calcei as memórias com paralelepípedos.

Fiz delas ladeiras antigas, para não esquecer de onde vim

Terei para onde voltar o olhar, quando voar

Tantas foram as quedas, refez-se várias vezes a pele,

Feridas cicatrizaram. A alma guarda cicatrizes sem fim

Porém, tenho o dom de voar

Ainda, que tenha asas de papel

Um dia... ainda alcançarei o céu...

Ema Machado