Marcelo Veloso

A VIDA VALE! VALE?

A vida vale!

Vale o que?

Onde está escrito?

No dedo que puxa o gatilho?

Na mensagem ilídima postada na mídia?

No ventre tépido que sufoca o indesejável?

 

A vida vale!

Vale quanto?

Como está contabilizada?

Na verba d\'um orçamento negociado com deszelo?

Na vacina sem líquido injetada?

No desprezo ao indigente, pedinte, morador de rua?

 

A vida vale!

Vale como?

Onde se pode contemplar?

Quando se embrenha e se apinha na favela?

Quando se esviscera o respeito ao direito humano?

Quando se desmonta a verdade pelo cenoso cominar?

 

A vida vale!

Vale a quem?

A quem se pode auscultar?

Ao disseminador de frases enodoadas?

A um público estulto de atuações impenitentes?

Aos bedéis fabricantes de decisões execráveis?

 

A vida vale!

Vale?

Não te custa acreditar?