Da minha janela, no primeiro andar,
Eu olhei para ela que estava tomando sol
E percebi que ela não tinha rosto,
Então o gosto do desgosto invadiu a minha boca,
Que tentava beijar o retrato dela
Dependurado no muro escuro que havia no vão
Entre o meu coração e ela,
Se ela não tinha rosto,
O retrato não era dela
E a minha mão direita,
Tentando salvar a minha boca de uma desilusão,
Pegou o retrato, que não era dela, pois tinha rosto
E o jogou numa viela,
Isto posto, o meu amor por ela,
Acendeu uma vela para procurar o retrato que não era dela
E, não o encontrando, fugiu com a vela na mão
Pela viela,
Aí, o meu coração vazio,
Sentindo a solidão agora hóspede dele,
Chorou até molhar os meus olhos,
Que também choravam por não ver o rosto dela,
Mas, convencidos de que era só uma ilusão,
Tentaram dizer ao meu coração,
Que o amor por ela voltaria um dia,
Mas foi em vão.