Escrevo para que as palavras não me aprisionem
Não me comam por inteira
Não me façam prisioneira
A ponto de implodir.
Escrevo por defeito
- Não por virtude!
Escrevo pela languidez dos meus gestos
E não por nobre atitude
Meu escrever é necessidade
De sobrevivência e vivência
Meu escrever é desvario, limpo
E de estranha inocência.
Escrevo porque as palavras
Cutucam a minha pele
Tal qual agulha afiada
E arrancam vísceras à derme
Até que não sobre mais nada.
Dentro de mim, o vazio
Dentro das nuvens pungentes!
Glórias e bons calafrios
Quando um verso sai do ventre.
Um filho bem desgrenhado
Com cheiro de novo, atino!
Lambo a sua bochecha
Arroxeado menino!
São palavras ao vento
Que perseguem uma missão
Se não de dentro pra fora
Nos átrios do coração.