Belo e triste,comovente e lírico,
Os versos batem à porta
De um coração que chora
Na aurora da saudade.
Num instante,
Em solidariedade
À dor do vate, o vento geme,
Balançando as galhas da roseira
Que também chora,
De lamento freme.
Procura pelos cantos,
Chorando tanto,
Peito oprimido,
Magoado o coração,
O amado teto,
A jasmineira,
A sua dona,
Que de repente,
A abandona;
Pendida do jardim, a dália, a flor
Que mais adorava;
No galho,
Molhado pelo orvalho,
O sabiá emudece,
E entristece
Tudo ao seu redor, é que a dor
Lhe invade a alma,
Por não mais vir
Aquela que tanto amava
E que lhe dedicava afeto !
A bananeira soluça tanto,
E seu dolente canto
Rola qual cachoeira
Na correnteza da emoção.
Quem mais chora, entretanto,
Nesta quadra da vida,
Alma ferida,
E sente
Na face, a lágrima quente,
E se desespera porque até
A natureza
De tristeza emudece,
E o bardo, que sozinho,
Merancório e triste,
Não mais assiste,
Ao sorriso franco do abacateiro
Que em carícia expressava
0 ano inteiro
O seu carinho,
E pelas manhãs festeiro
O cumprimentava!
Os arvoredos,
Tremendo a medo,
Peito ferido,
De tristeza choram
Na verde mata!...
E os pássaros
Que faziam festa,
Matinal orquestra ,
Derredor do Jardim de Inverno
Entam agora,
O seu triste canto
Enquanto o bardo chora:
Adeus, Safira!
Adeus, anelos
Dos dias tão belos
Que me alentavam
Quando a vida era uma mar
De rosas em momentos ternos,
Que no coração
Se faziam eternos
E se foram assim,
Num tenebroso inverno.
Adeus, meus sonhos,
Na aurora
Da saudade ,
Que de mim,
Não se retira!
Se foi como a brisa
Que dos céus desliza,
Chega de repente,
E rapidamente
Se vai embora.
Se foi ingrata! -
Lamenta o bardo,
Coração partido!
Dominado pelo sofrimento,
O vate entoa seu tormento:
Canta aflito,
A derramar seu pranto,
De dor um grito
Na noite silente,
Ferido o peito e a alma seus:
Quisera que meus
Versos suavizassem agora ,
A dor pungente
Que em mim vigora!...
Se sorrio -- meu riso é falso;
Se canto -- minh\'alma chora.
Adeus, Safira!
Se foi embora,
Sem me dizer adeus!