BILHETE
Devo-te, minha cara, este bilhete...
Sei que um bilhete é coisa ultrapassada,
Do mundo moderno já afastada...
Talvez não fosse o modo de escrever-te!
Mas, foi a forma pelo bardo achada
Pra te deixar apenas um lembrete:
O que já foste em época passada,
E, como nesta inda és ricochete!
Naquela, foste excêntrica paixão,
E uma estranha amizade nesta cá...
Os dois, penso, são sentimentos de valor!
Por isso, ao ver-te aqui, lembrei de lá...
Quanta alegria ao saber de antemão
Que o tempo não passa prá qualquer amor!
Nelson De Medeiros