Como esconder a escuridão
Se é ela que me esconde?
Ela me esconde de tudo e todos…
Do mundo,
Do amor,
Da felicidade,
De mim mesmo…
Como viver escondido em um poço
Se a chuva começou a cair e não vai parar?
Devo me afogar e desistir de tudo,
Ou devo buscar Deus
Nas paredes úmidas de minha cela?
Como esconder a tristeza
Se ela já está em todos os lugares
De minha alma tão fragilizada pela dúvida?
Não sei mais quem sou,
Não sei mais quem deveria ser,
Não sei mais quem fui, era ou seria
Se soubesse até que ponto devo não saber e saber…
Como viver na morte
Se já nasci morto?
Como morrer no final
Se nunca realmente vivi?
Como salvar minha alma
Se eu próprio a troquei por nada?
Como descobrir onde estou
Se nunca soube onde estive?
As sombras marcham para a última batalha,
Os anjos suspiram, cansados e ensanguentados,
As esperanças de todos morreram e foram mutiladas,
Desmembradas, violentadas, massacradas, profanadas…
Mas há talvez um último sol capaz de espantar as trevas
Que ameaçam toda a minha existência… Sim! Há um sol!
Mas ele está tão longe… e acabou de se pôr… será que o verei amanhã?
Talvez sim, talvez não… mas há uma certeza em meu coração: eu esperarei mesmo assim!