ÚLTIMA PEÇA.
Silencio... Sem aplausos na última cena
De nossa peça apresentada nesta vida!
Que jamais tu te lamentes, alma querida:
Não chores, não culpes nada, nem sintas pena!
O bardo cessa novamente a cantilena,
Buril que lapidava a dura e árdua lida
Em lira de amor somente exibida
No anfiteatro amargo desse palco arena!
Cantos de dor, paixões, estrofes dum passado;
Historias sem glórias num corpo amargurado,
Mas que a alma envaidecida teima em recitar!
Poeta insano que ri, mas de dor padece...
Que manda ao Céu , serena e reverente prece,
E, ao mesmo tempo, chora e grita a blasfemar!
Nelson De Medeiros