Carlos Lucena

EXTRAVIADOS

EXTRAVIADOS

As ruas estão cheias
As praças estão repletas
Completas
O chicote estala. 
Esquinas são suas camas.
Seu aconchego são as valas
Em silêncio pelas balas.
Olhares pendem para o chão
Porque lhe negam   
O horizonte
É proíbido despertar
É proíbido sonhar
É proíbido chorar.
Preto 
É a cor da margem.
E os corpos invertidos?
Pervertidos
Esquecidos
Estão perdidos 
Na noite escura
Sem doçura
Sem ternura.
Preto é cor que suja
E seu sangue
Sem leucócitos
Sem hematócitos
É soro em lixo.
E os sem nexo?
Sem sexo
Como muito sexo
Almas sem corpos
Corpos sem almas
Em outros corpos
Extraviados
Ignorados
Expostos
Depostos
Pela vida
E pela vida mutilados.