Ema Machado

 Olhai os lírios...

 Olhai os lírios... Afaga-me a ternura...

Poder alcançar teu sentir, numa simbiose mágica

Teu olhar é água que sacia a alma sedenta. Traz-me calma, vontade de viver.

Por que colher lírios, arrancando-lhes a pureza?

Morreriam em tristeza, para meu volátil prazer...

O vento acaricia- lhes as folhas, a água os sacia.

Há em mim anseios, ser adubo que fertiliza o solo onde possam crescer...

Pergunto-me coisas as quais não compreendo.

Se tudo que precisas tens, para que querer mais?

O desejo fútil é insaciável, faminto e voraz...

Caminho por semblantes nas ruas, sinto a impaciência no ar.

Ainda que, nem tudo seja o que se deseja, viver, já é o bastante para amar...

Carros passam desenfreados, pessoas transitam sem parar.

Não há um sorriso, a vida passa, ninguém enxerga...

Olho os lírios, pendem neste espaço, empoeiram-se com o ar.

Respondam-me... O amanhã, como será?