Num sonho desesperado e tristonho,
Eu sonhei com ela,
Que saiu da minha vida e saiu da vida,
E com os seus cabelos amarelos de ouro,
Comprou a paz da solidão
E voaram para as profundezas do abismo,
Abraçados com o olhar inexistente dela,
Vendo a amargura de se estar só,
Com muitas flores de diversas cores,
Mas sem a companhia de amores,
Que voaram por sobre o abismo,
Fugindo de um coração inerte e frio
E repousaram entre as nuvens chorosas,
Que deixavam cair imensas lágrimas,
Carregadas de dor,
Até se dissolverem como os meus olhos,
Que choraram por um velho amor teimoso e negro de tanto ser negado,
Como uma noite sem lua
E que voou para o céu,
Acompanhando os amores,
Escondendo-se, abrigado pela escuridão
E, no jardim, as rosas carmim se desesperavam e se despetalavam,
Na negação de decorarem a partida
De quem negou o amor e a Deus,
As minhas lágrimas secas eram a minha despedida,
O meu adeus, como a sua carta o foi um dia.
Linda, linda, entre as flores,
Sem o dançar fluido de uma alegria,
Ou de um sorriso.
Agora que as dores não mais a alcançam,
A sua alma, sem espírito, agarrada pelo vingador,
Que amarra e engole, sem nenhum pudor,
A luz que nunca reluziu para mim em seus olhos,
Só restando uma escuridão densa e pesada
Antes das portas imensas abrirem-se,
Onde as correntes forjadas, que se não rompem,
São colocadas nos pés das almas sem arrependimento;
Mas as lembranças, como fotos enjauladas na memória,
Coloridas como as flores que a abraçavam,
Como eu a quis abraçar um dia,
Vários dias,
Não me deixam esquecer,
Que o amor por ela reluzia
Em meu coração.