Canto a dor
Que no meu peito espraia ,
Qual ondas
Que em ressaca
Morrem na praia.
Canto todas essas tristezas
Porque o canto é partido.
A lira é quebrada.
Na curva do tempo descabam
Os dias em intensas agonias!
Não canto flores
Para para rimar com dores
Nesta quadra da vida
Que nos impunha
Tantos dissabores!
Canto a invernada
Deste triste momento,
A aflição que vive
A gente brasileira perdida,
Sem lhe darem rumo!
Procura-se o sol,
Escondeu-se no firmamento,
Busca-se o vento,
A gemer, o vemos,
Chorar seu tormento!
O tempo não é mais o mesmo
Em um céu cinzento,
Pejado de amarguras
Na confluência desses novos
Dias de torturas!
São dias terríveis, precipitado
Calendário de dores, de perdas,
De prantos , sombrios, cruentos:
Dias cortantes de sofrimentos,
De intensos tormentos!