Penso em dormir, antecipando a hora,
Num intenso desejo de uma ausência...
Ausência de esquecer-me ou ir-me embora
Sem ter muito alvoroço nem dolência.
E que não acontecesse alguma aurora,
Mas um amanhecer que se evapora:
Aurora que esvaece sem anuência
De um novo sol nascente, em sequência.
E fico a meditar se essa mística,
Que existe no pensar, seja um auguro
Que antes de mais nada, é futurística
Pela ação de fugir com um aporte
De um desejo, inconsciente e prematuro,
De aconchegante embarque junto à morte.