Antonio Aurelio Felix

VIDA DE CABOCLO

VIDA DE CABOCLO

 

Seu doutor!

Eu sou um caboclo da roça

Tenho a palma da mão grossa

E os pés cheios de calos

Ando a cavalo

Montado em meu alazão.

Levanto logo que amanhece

Para Deus rezo uma prece

Pedindo a sua Proteção

O sol a pele me aquece

Quando estou na plantação.

 

O pão que vai para a sua mesa

Não cresce sozinho na natureza

Ele passa po minhas mãos.

O senhor vive folgado

Morando em apartamentos

Não sabe do meu sofrimento

Agui no meu roçado.

 

Tiro leite do gado

Quebro lenhas pro fogão

Cuido do porco bem cervado

Para a minha alimentação.

Quando chega tardezinha

Volto para o meu lar

É apenas uma choupanazinha

Mas lugar, melhor não há.

 

Vivo muito feliz

No meu querido torrão

Aqui eu tenho o que sempre quiz

No meu pedaço de chão.

Planto feijão,mandioca e milho

Agui não me falta nada

Tenho um bando de filhos

E uma mulher amada.

 

Quando a vida sai dos trilhos

Eu clamo por meu Padim

No rosto me volta o brilho

E vejo que não é o fim.

Aí vem o inverno

Nas bandas do meu sertão

Eu compro até um terno

Para festejar São João.

 

Vou com a familia a capela

Pronto para agradecer

Acendo um monte de velas

Iluminando o meu viver.

Lá encontro os migos

Sorrindo de alegria

Com o inverno se foi o castigo

Acabou a nossa agonia.

 

Com certeza este ano

Vai ter festa em todo lugar

Tristeza não está em nossos planos

Nós vamos é festejar.

Eu convido o senhor

A visitar o sertão

Não vai faltar pro doutor

comidas de montão.

 

Nós mata uma galinha

Ou inté mesmo um carneiro

Um cervado capão

Ou um porco do chiqueiro.

Da roça tem milho, feijão

Abobóra e tambem jerimum

se isso não der então

Nós mata até um perú.

 

Comida não vai faltar

Para a familia e vósmicê

Pode ir nos visitar

Para mim será um prazer.

Aberta está a porta

Da casa para lhe receber

Lá a gente não se importa

Foi bom lhe conhecer.