Pedro Castro

Confessionário

 

Eu não sei,

É que estava tudo tão bem antes,

Tão bem antes de você,

O céu era apenas uma cor vazia juntando estrelas por vaidade,

E a Lua apenas disputava o brilho com elas,

O mar apenas gostava que o mundo ouvisse as canções de suas ondas,

E o vento vinha jogar palavras em meus rosto,

Mas até que chegou o dia,

Que eu vi seu rosto se formando delicadamente no céu,

Fazendo com que a Lua e suas estrelas se sentissem honradas ao ser a sua imagem,

O dia em que ao ouvir os cantos desafinados das ondas do mar,

Sua voz bailou em cada corredor da minha mente,

Já ali eu percebi,

Que de forma indecente,

E só por você ser você,

Me fizeste sentir.

 

 

 

Sentir medo pois

Ao estar com você,

Temia,

Temia que em qualquer momento importuno,

A Lua e suas estrelas afiadas caíssem sobre minha cabeça em forma de vingança,

Por eu fazer questão de encara-las em todas as noites,

Que a qualquer momento,

O mar com sua sinfonia de ondas viesse até mim só para me privar dos arranjos de sua voz,

Temia também,

Que o vento com as suas palavras brutas me dissesse que,

O que eu sentia era amor.

 

 

 

Se ele dissesse não teria volta,

Pois havia percebido,

Que sem você eu já não temia morrer pelo mar,

Nem pela Lua, e nem pelo vento,

Temia morrer de saudade...

Pois eu sabia,

Que estava tudo tão mal antes,

Tão mal antes você.

 

De tanto temer,

Fui ao confessionário,

E o padre me disse que eu haveria de pagar pelos sentimentos,

Que eu havia traído o universo,

Ao me mudar do coração da terra,

E ir morar infinitamente em seu coração

Disse que após a morte,

A sentença seria dada,

E seria paga com o fogo eterno,

Me assustei,

Mas não com à justiça divina,

Pois com você nem ela eu temia,

Me assustei pois,

Por você,

Adoraria pagar o pecado que é sentir amor.