Ize de Almeida

Tempo

Não me resta muito tempo.

A frase grudou na menina.

Acordava com ela, andava com ela.

Não me resta muito tempo.

O tempo e nós, nós e o tempo,

Juntos nessa jornada.

Chegamos e temos todo tempo do mundo,

Tempo de aprender...com quem veio antes,

Tempo de chorar nossas dores...sem sabê-las,

Tempo de sorrir nossas alegrias...passageiras.

O tempo e nós, nós e o tempo.

Corremos, brigamos com ele,

Pedimos mais, e se o temos, desprezamos.

Quando dentro de nós, aflição, coração disparado,

Quando fora, não o percebemos, depois pele vincada.

O tempo e nós, nós e o tempo,

Ele no seu eterno ficar, nós no nosso eterno passar.

Não me resta muito tempo.

A frase acompanha a menina.

De repente, sobressalto, percebe,

Todo tempo do mundo, temos o mesmo tempo.

Ele não muda...nós mudamos,

Podemos fazer as pazes com ele, fazer dele:

Tempo de aprender, no silêncio da alma,

Tempo de entender nossas dores

Tempo de viver alegrias duradouras

Tempo de perdão, dado a nós mesmos

Tempo de honrar o caminho, as pessoas

Tempo de amar as pessoas e a nós mesmos

Com calma, gentileza, suavidade.

E depois?

Depois nós passamos e o tempo fica.

E depois?

Bem! Depois não sei.