Não me resta muito tempo.
A frase grudou na menina.
Acordava com ela, andava com ela.
Não me resta muito tempo.
O tempo e nós, nós e o tempo,
Juntos nessa jornada.
Chegamos e temos todo tempo do mundo,
Tempo de aprender...com quem veio antes,
Tempo de chorar nossas dores...sem sabê-las,
Tempo de sorrir nossas alegrias...passageiras.
O tempo e nós, nós e o tempo.
Corremos, brigamos com ele,
Pedimos mais, e se o temos, desprezamos.
Quando dentro de nós, aflição, coração disparado,
Quando fora, não o percebemos, depois pele vincada.
O tempo e nós, nós e o tempo,
Ele no seu eterno ficar, nós no nosso eterno passar.
Não me resta muito tempo.
A frase acompanha a menina.
De repente, sobressalto, percebe,
Todo tempo do mundo, temos o mesmo tempo.
Ele não muda...nós mudamos,
Podemos fazer as pazes com ele, fazer dele:
Tempo de aprender, no silêncio da alma,
Tempo de entender nossas dores
Tempo de viver alegrias duradouras
Tempo de perdão, dado a nós mesmos
Tempo de honrar o caminho, as pessoas
Tempo de amar as pessoas e a nós mesmos
Com calma, gentileza, suavidade.
E depois?
Depois nós passamos e o tempo fica.
E depois?
Bem! Depois não sei.