Veste as vestes de realeza
A tua beleza se nota no andar
De um lado à outro como a procurar
Os filhos queridos tua maior riqueza
Pois o dinheiro não pode comprar
A candura de tua tão nobre pureza
Teus cabelos são como a branca lã
Sécas ao sol enquanto a pentear
Véu que te honra por o conservar
Com santo zelo de conduta cristã
Mãos aos olhos se põe a orar
Agradeces à Deus o café da manhã
Diz da infância que a moça menina
Era o esteio sustentável dum lar
Da família foi base, um forte pilar
O braço malhado, mas fraca retina
Vida de campo, colher e plantar
Conheceste cedo a graça divina
Nem tudo é canção e felicidade
Tem dias de sol e dias nublados
Dias de sonhos desenganados
Em que o papel não tem validade
E viver longe dos filhos amados
É como morrer de tanta saudade
Veste as vestes da despedida
Um traje simples como te vestias
Te levam de mim e levam meus dias
Apenas não levam a graça da vida
Das altas noites e das melodias
Junto ao berço da criança querida
Alguém apregoa com comoção,
Enquanto me punha a te velar,
Que nossa vida é uma estação
Onde ninguém pretende habitar
Mas, ansiosos, entrar no vagão
E em outros prados desembarcar
Veste as vestes do nascimento
Herdada do pó na concepção
Te veste, além, pela santificação
A veste dos justos no salvamento
No reino de glória e justificação
Da Nova Aliança do novo testamento