Filipe Miguel Baptista Pires

Os velhos

Li num livro há uns tempos,

Que antigamente os mais idosos,

Viviam difíceis momentos,

Por serem considerados asquerosos.  

 

Os velhos fechados em casa,

Com vergonha de serem velhos,

Sua alma triste e em brasa,

Nem se olhavam nos espelhos.  

 

Era ainda maior o pavor,

De estarem em solidão,

Pediam as vezes por favor,

Por um humilde perdão.  

 

Ser velho era muito ingrato,

Nunca havia reconhecimento,

Nesse tempo pedir um prato...

Era pedir abraço com sentimento.  

 

 

Os velhos morriam noite e dia,

Caiam como folhas no outono,

Cada um fazia o que podia,

Para fugir do eterno sono.  

 

Ser idoso era ter solidão enorme,

Dos mais novos desviavam o olhar,

Doenças, exclusão e fome,

Assim viam a sua vida acabar.  

 

 

Felizmente hoje tudo é bem diferente,

Os velhos já não são julgados,

O reconhecimento por eles é permanente,

E pelos mais novos são idolatrados.

 

 

Os velhos são o passado no presente,

São registos, relatos e histórias,

Celebremos com quem ainda vive e sente,

Grandes derrotas e grandes vitórias.

 

 

Cada idoso que morre é uma tragédia,

Como uma biblioteca que arde,

E até mesmo duma enciclopédia,

Sente-se a falta demasiado tarde.  

 

 

Filipe Pires