Se eu não vomitar esse sangue.
Esse lamacento mangue.
Dentro de mim represado.
Eu morro antes da hora.
Sem ter a minha desforra.
Bem antes do combinado.
Empanzinado pela sanha.
Que encharca minhas entranhas.
Esse dilúvio de mágoas.
Que me afogam sem clemência.
Me lavando a consciência.
Multiplicando minhas chagas.
Por isso mesmo que eu conclamo.
Nesse réquiem profano.
Nesse mantra desgraçado.
Toda sorte de terrores.
Os mais pobres perdedores.
A estarem do meu lado.
Se eu não vomitar eu morro.
Ninguém vem ao meu socorro.
Fazer parte desse horror.
Nesse reino desigual.
Jaz o bem, floresce o mal.
Impera a eterna dor.