Francisco Sulo

O meu castigo

 

Eu poderia contemplar o teu rosto o dia inteiro

E assim virar os meus dias indefinidamente

E isso estaria longe de ser um castigo de Sísifo

Que rolava a mesma pedra sobre o mesmo monte

Acima e abaixo

Todos os dias

 

Eu poderia te amar o tempo inteiro

E me expor diante de ti de corpo e alma

Ainda que isso me fragilizasse

E expusesse todas as minhas vísceras

Às aves de rapina como ocorria a Prometeu

Que se via devorado assim todos os dias

 

Pois que outra coisa eu poderia fazer da vida?