Conheço desses que por fora
Faz pose de nobre,
Coisa e tal.
É cordeirinho com quem tem poder,
Tigrão com o pobre,
A quem detesta,
A quem odeia.
Camarada, não há escusas,
Pois por fora sorrir,
Mas por dentro chora,
E sua voz
De ridículo sobressai,
Fazendo coro com vós,
Distinto senhor,
Que se agride,
Aí reside
De quatro cair
E se presta
A sabujo, seguindo trilho
Da humilhação:
Quanto mais se humilha,
Mais quer se humilhar
Para manter seus ganhos,
Espúrios arreganhos
De tacanha bajulação:
Bajula a quem o maltrata,
Beija a mão
De quem o pisoteia,
De rastro,
Serve de capacho
Àquele que venera
Não como patrão,
Todavia, como absoluto senhor,
Contanto que espera
Que seus ignóbeis desejos
Sejam satisfeitos, e venham
Lhe propiciar
Receber os sobejos
Que lhe convenham,
Vendendo a honra qual Judas,
Por 30 moedas de prata,
Se enforcando pelo preço pagar
A que bem merece, por ser
Um ignóbil bajulador!