Hoje!
Os hipopótamos levantaram primeiro
E lá se foram os meus travesseiros,
Direto para a lagoa ,
Bem perto da minha cama de feno,
Amontoados sobre a grama seca,
Onde todos os hipopótamos
Tinham olhos azuis .
Eles submergem dentre as folhas,
Pois o rio seco era banhado,
Por uma luz brilhante,
De uma lâmpada fria,
Que queima a pele fina e branca,
Com listras pretas dos hipopótamos,
Tal como as zebras.
Ei! Acabei de me dar conta
Que eram zebras mesmo!
Nunca foram hipopótamos!
E na verdade,
Seus olhos eram azuis esverdeados.
Eu estou apavorado,
Como pude confundir,
Durante tantos anos,
Zebras com hipopótamos?
Resolvi plantar toda minha angústia,
Num canteiro sobre a laje ,
Do edifício ladrilhado
Com pastilhas amarelo ouro,
E num piscar de olhos,
Um jardim de crisântemos
Floresceram no tapete da sala
Que beira a cozinha ,
Onde eu tomo meu café da manhã ,
Rodeado de borboletas brancas
E um bode de chifres abobadados
Aguarda para comer as migalhas
Do mingau de aveia que esfria
Sobre a copa da árvore sem folhas,
Pois que era verão
E o frio fazia as araras nadarem
No céu molhado pelo mar,
Jogando para cima
Suas águas transparentes...
De vez verde,
De vez azul,
De vez somente água.
Que respinga em mim,
Enquanto penso,
Sobre o meu absurdo,
De confundir zebra com hipopótamo.