flores não tão bonitas assim foram pisoteadas
pelo sapato lamacento de um empresário
apressado, que esbarrava nos outros leões, trigres
e ovelhas que passavam em direção ao Centro da Cidade
(um dos animais percebeu o seu estado ansioso e rosnou
mostrando os dentes, fazendo com que o empresário
se apresasse ainda mais em direção ao escritório)
havia um porco sentado na sua cadeira giratória e ele
saboreava um pote de lama em cima da sua mesa,
ao notar a presença do empresário com seu semblante
aterrorizado o porco apontou com uma das patas
o caminho de volta para o lado de fora
então o empresário saiu girando a maçaneta da porta,
andando pela entrada da empresa se arrastando,
com a gravata frouxa, sem paletó, com a camisa
amarrotada, olhar frustrado e cansado ele decidiu
voltar para casa, sem a mesma pressa de sempre
comprando um maço de cigarros e um isqueiro com a cegonha dentro
da banca de jornal acendendo um cigarro no caminho até o seu apartamento
pisoteando as flores que já estavam murchas e cobertas de lama.