Todos os dias olho o portão, espero ao menos um recado
Será que não tem coração?
Por que sou, ao martírio condenado?
Juras de amor me dissestes, nelas acreditei
Até a lua, que a mim, prometeste, olho-a todas as noites
Pergunto-a se fui ingênua, quando meu amor entreguei
Nada a mim, responde, é muda como a carta que aguardei
Pobre, de mim!
Sonho com algumas palavras de amor
Voaria de alegria, se da carta recebesse resposta
Escrevi com tanto carinho, hoje é motivo de dor
O vento lá fora, parece zombar de minha aflição
Assovia e arranca folhas das árvores
Como o silêncio, meu coração
Espero que o dia passe depressa
Nas noites sonho, com o carteiro
Nunca fui, muito de reza
Porém, dei para rezar em desespero
Abro o celular, que toca. Nele teu rosto aparece
Leio em agonia a resposta:
“Amor, estou voltando amanhã! Me espere...