Ema Machado

Nenhuma carta de amor...

 

 

Todos os dias olho o portão, espero ao menos um recado

Será que não tem coração?

Por que sou, ao martírio condenado?

Juras de amor me dissestes, nelas acreditei

Até a lua, que a mim, prometeste, olho-a todas as noites

Pergunto-a se fui ingênua, quando meu amor entreguei

Nada a mim, responde, é muda como a carta que aguardei

Pobre, de mim!

Sonho com algumas palavras de amor

Voaria de alegria, se da carta recebesse resposta

Escrevi com tanto carinho, hoje é motivo de dor

O vento lá fora, parece zombar de minha aflição

Assovia e arranca folhas das árvores

Como o silêncio, meu coração

Espero que o dia passe depressa

Nas noites sonho, com o carteiro

Nunca fui, muito de reza

Porém, dei para rezar em desespero

Abro o celular, que toca. Nele teu rosto aparece

Leio em agonia a resposta:

“Amor, estou voltando amanhã! Me espere...