SEU ÚLTIMO OUTONO
Queria de novo sentir o seu abraço
Mesmo que fosse só mais um minuto
O coração pulsando no compasso
No tom da voz, que eu não mais escuto
Vejo teu rosto voltado pro espaço
Olhos fechados em profundo sono
No mar de rosas deitas o cansaço
Na noite fria de um dia de outono
Beijei teu rosto como sempre faço
Mas desta vez o gesto foi de adeus
Senti que sou um homem em pedaços
Se já não sinto mais os beijos teus
Saio da sala e caminho no terraço
Pessoas falam e eu não compreendo
Até o relógio agora aperta o passo
Logo tu vais e eu ficarei sofrendo
Talvez um dia da vida não me engraço
Me sinta um filho sem mãe no abandono
E me lembrar do manto róseo em maço
Hei de chorar quando chegar outro outono
( Homenagem póstuma à minha mãe:
Áurea Martins da Silva)