TORTOS
Em cada caminho
Um mutilado da vida.
As esquinas
As ruas
Os bares
As igrejas
Estão repletas
De gauches completas.
Os caminhos são tortos
E cheio de pedras estranhas
Pedras grandes
Pedras pequenas
Umas que reluzem
Outras sem nenhuma luz
Pequenas levam cruz
Grandes andam em seus iates.
Mas tortos
Não são apenas os caminhos
Tortos também são os homens
Porque uns só choram
E outros só escancaram
Dentaduras de marfim
Uns são sacos
Outros cetim.
Tronos
Sarjetas
E poucos alguém
E muitos ninguém!
O céu não é meu
O sol também não
Só o caminho torto
Só o desejo morto
Nada além
Do que se vê
Do que se tem!
CARLOS LUCENA