Ricardo Magro

Curvas

Contemplo as tuas curvas
Como quem se curva sob um templo
Pequena luz num quadro amplo
Deste mundo de cortinas turvas

Esboças um sorriso honesto
Odes às curvas que o suportam
E ao desejo que em mim exortam
Fazem de mim pagem modesto!

No centro as duas leiteiras,
De curvas àvidas, circundantes
Anunciam-se aos bons vivantes
Como se erguidas duas bandeiras!

Como trabalho de porcelana
Tão bem cinzelada estatueta
Será esta digna silhueta
Das outras curvas soberana?