Como não há vocação para viver
nasço apenas com o dom da morte
e perfeitamente vivo, a mediar o sofrimento
que fadei-me a causar ao cativado e amado,
como outras queridas criaturas sem sorte.
Como voa um pássaro pelo norte
antes do inverno glacial da vontade de viver
voo por ideias de leves amarguras obscuras
para depois migrar ao abraço da luz da vida,
que anestesia e remedia, com seu carinho
minha vontade de desaparecer.
Como não há vocação para viver
se não a arte sentimental e desesperada do poeta que sofre
vivo por amar e sentir, sem talento,
você, e algumas outras criaturas sem sorte.