Parem a nave avariada.
Vai se chocar
Contra as nuvens da insensatez.
Quero descer,
Para que não chegue minha vez
De ser abalroado
Pelo turbilhão
De dementices e contra-senso.
Abriram a Caixa de Pandora.
Os bichos estão soltos agora.
Corre , Antonieta!
Foge, Catieta!
Cuidado com o capeta!
Vá embora,
Antes que chegue sua hora!
O número de bichos cresce.
Vertiginosamente recrudesce
De forma assustadora,
Apavorando tanta gente,
Num cortejo
De bicharada alucinada ,
Cuja maldade
Excede a loucuras inauditas,
Num fanatismo exacerbado:
Um, que reza pra cidadão
Tal morrer,
Graças à opção sexual
Do camarada em questão;
Outro, qual santarrão ,
Travestido de pregador,
Cai de joelhos, roga ao Criador
Para determinado
Prisioneiro continuar encarcerado;
Outros, que volta e meia,
Sorriem da dor alheia;
Outros, bem mais perversos,
Cidadãos do bem,
A gargalharem da desgraça
Daqueles a quem
Reputam inferiores,
E que os quer,
Longe do seu convívio;
Outros mais, bem mais ,
De índole diabólica e sádica,
De ações malditas
E deletérias,
Que se outorgam racionais,
Da classe do bicho-homem,
Que regozijam frente
A alheias dores,
E por cúmulo de crueldade,
Acham graça
De alguém passar
Necessidades e fome,
Enquanto gastam seus milhões
Pela vida afora
Em pândegas colossais.
Tudo isso nos impõe
A um questionamento :
Neste trágico drama,
De proporções gigantes,
O que fazer?
Abriram a Caixa de Pandora,
Num país que assiste
A tudo pasmado!