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Paulo Roberto Varuzza

Amor e virtudes

Naquela rua onde a poeira da terra morava,
E quando o céu chorava o barro imperava,
Onde a cidade e o asfalto não chegaram
E ao sol não queimava os pés da molecada,
Sempre descalça,
Existia uma horta cuidada por Dona Felicidade,
Sem muros nem cercas que a proibissem;
Em seus canteiros havia
Castidade,
Caridade,
Ternperança,
Diligência,
Humildade
E paciência
Tudo plantado com o maior carinho por Dona Felicidade;
Incansável, regava-os com suas lágrimas de alegria
Todos os dias
E também as gotas de chuva,
Lágrimas dos céus, regava-os.
Dona Felicidade de plantão na entrada que dava para a rua,
A qualquer transeunte sempre lhe oferecia,
Sem cobrar nada,
Virtudes colhidas na sua horta,
Guardadas que eram numa bacia que tinha no fundo
Só sorrisos e a graça divina.
Sua alma só agradecia
Aos que procuravam a sua horta,
Pois ela só produzia
Combustível para a lâmpada
Que ilumina o caminho
Do amor
E que leva a Deus.
Nos fundos existia um pomar,
Onde árvores de fruto bondade dominavam
E, de tão carregadas, os seus galhos dobravam-se
Até quase o chão,
Facilitando a colheita de Dona Felicidade,
Que colhia, pacientemente, os frutos,
Dourados e brilhantes,
Doces e cândidos,
Lavados pelas gotas de chuva
E pelas gotas de suor de Dona Felicidade,
Que eram puras como o seu coração,
Alimentado que era pelos frutos do pomar
E pelas virtudes colhidas em sua horta;
Um coração onde o amor transbordava,
Pois dona Felicidade
Só amava.