Nuvens negras
Me fazem lembrar da minha prisão
Queria ter asas
Para voar da minha solidão
Aqui nessa vida sou um operário
Meu turno está acabando
Tenho certeza que não serei o funcionário do ano
Logo logo já vou, já deu meu horário.
Vejo formas nas nuvens
Felicidade, tristeza, é o que o mundo curte
Eu não sou um Tutti
Não ha nada que me mude
Pessoas trocam amigos por um boot
Eu sempre fui a gaiola da minha prisão
Tentei ajudar as pessoas nesse mundo de falso coração
Mesmo estando preso nunca demonstrei medo
Pois eu sempre soube que a gaiola estava aberta desde cedo
Minha mente é tão confusa
Tão versátil como a chuva
Entra em becos, vielas e nas ruas
O pingo da lágrima molha a caneta
É uma parte de mim nessa brincadeira
Escrever sempre foi fácil
Muitos me chamam de hábil
Se eu fosse um condimento eu seria o alho
Eu deixo cheiro e gosto em tudo que escrevo
O mundo quer que eu me mate, mas eu sou um trevo.