E ocorre-me de ser o que hoje sou:
Existente, ignorante do existir,
Cego de mim, de tudo, em que estou
Perplexo e sem saber como seguir.
Vim de espermatozoide que usou
Um óvulo errante a me fundir,
Do acaso um mistério em mim causou
A emblemática vez do meu surgir.
E, agora, homem feito e mais perplexo
Prossigo cada dia a me indagar
Por que tudo denota tão complexo?
Se um choro ocorreu-me ao nascer
É que nele o absurdo quis
falar:
Que de nada valia esse viver.
Tangará, 19/11/2019