No último vagão
A recordação
Das suas tardes mais frias
Das maiores alegrias
Das luzes que transformavam
As noites em eternos dias.
Da imensidão de gente
Do barulho estridente
Do abraço caloroso
Tornando o gelado quente.
Da contagem regressiva
Da bola que cai de repente
Dá adeus ao velho ano
Traz o outro prontamente.
Da arte em toda parte
Das paradas de Natal
Do exagero de encantos
Da overdose visual.
Deixando o último vagão
Sem nenhuma ilusão
De um maior encantamento
Se encontrava deslumbrada
Se encontrava agradecida
Ao dilúvio de afeto
Carinho, delicadeza
Ao abuso de beleza.
Num tempo nem percebido
Estava inebriada
Com toda a neve lançada
Por alguém que a quer bem
Por alguém que já sabia
Que o seu deslumbramento
Seria eternizado
Até o último dia.