Por causa de uma decepção amorosa.
Eu estava perdidamente apaixonado por uma garota, e estraguei tudo
Pensei no suicídio
Isso aconteceu no primeiro dia de quarentena
Daí comecei a escrever
Havia acabado de ler Goethe
E sofria como Werther
Comecei escrevendo sonetos em folhas de caderno
Tão pálidas como o meu rosto naqueles dias
De envenenamento pela poesia!
Ai! como o meu coração doía
Pela violinista e seus cachos loiros
Escorrendo pelo seu rosto pálido
A languidez no teu olhar, oh minha amada!
Adoeci, cedi ao desamparo
Era capaz de vender a minha alma
Por uma garrafa de vinho
E um charuto havana
Maldito Satã, aquele que atendeu o meu pedido
Ai! o meu peito ardia
Febril, vagando pelas ruas à noite com tonturas
Me perdia nas ruas desertas e acabava ao lado dos vagabundos
Com suas roupas amarrotadas, cobertos de fumaça
Ao erguer as taças gritavam
Eis um melancólico! Por onde andas maldito?
Por acaso perdestes o caminho de casa
Ou estás indo em direção ao inferno?
E precisas de um empurrãozinho para encontrar a porta de entrada
Ou estás disposto a sentar com esses antigos homens do mar
Aceitando a taça de vinho que oferecemos?
Oh! e eu conheço o caminho da perdição
Pretendem me oferecer esta taça
----Sim!----- gritam os marinheiros
E esperam que a anestesia das dores
Aquela que apaga as velas da esperança
E acende a chama ardente da libertinagem
Que corrói vossos estômagos e causa as náuseas delirantes
Do poeta desgraçado!
Ai! e ele não estaria condenado à degustar a própria decadência
Assim como a fumaça que invade vossos pulmões
Tão escuros quanto estes céus
E o meu coração foi devorado pela fera
que nos empurra para desabarmos no abismo
e ela se chama paixão!
Não se trata do jovem arqueiro
Com sua flecha apontada
Na direção daquele que foi condenado
À pior de todas as doenças
Pois ele foi degustado por Saturno
E Goya permaneceu sentado observando
antes de ser devorado.