Eu caminho pela rua à noite
Com medo da escuridão
E com medo que a noite
Açoite a minha alma
Fazendo surgir lembranças
Que lembram o que não deve ser lembrado
Para que a minha alma permaneça em paz,
Paz do esquecimento,
Sem se atormentar com um amor
Que morreu pelas mãos do desamor,
Que, sem amor, matou-o afogado
Num rio de lágrimas choradas
Por um coração entristecido
E por mim,
E, esvaziado por um adeus,
Ele não canta mais no jardim
E não ri mais à toa,
Pois a solidão que o magoa
Só o faz triste,
Tristeza por um amor perdido.
Pérfido desamor,
O amor morreu traído pelo desamor,
Pelo silêncio fatal dela,
Pois de sua boca não só escorria o mal,
Mas também o sal das minhas lágrimas
Sorvidas com sofreguidão pelos olhos dela
Que nunca me amou
E que as dava de beber ao desamor,
Dando forças a ele
Para que destruísse o amor.