Marcelo Veloso

SE O EU, SISO E SE OU EU, CISO: AGRADEÇO!

 

Se sirvo, “eu” existo.

Se faço, “eu” sou visto.

Se não aceito, “eu” sou banido.

Se rejeito, “eu” sou punido.

 

A máscara é uma simbologia

da farsa humana,

que coloca nos ombros

o peso ascoso da gana.

O fanatismo é uma forragem

que grassa pilhagem e insanidade,

e impõe, sem decência,

a torpeza de uma mercantil credulidade.

 

Se entrego, “eu” prevaleço.

Se concedo, “eu” permaneço.

Se não disponho, “eu” sou desprezado.

Se contraponho, “eu” sou renegado.

 

A linguagem é um ícone

do artilhar palavroso,

que deposita nos ouvidos

o noticiar falaz e pernicioso.

O facciosismo é um decomposto

que martiriza e aniquila o ser humano,

e elimina, sem comiseração,

no mais grotesco agir profano.

 

Se escrevo, “eu” sou detido.

Se exalo, “eu” sou atingido.

Se divulgo, “eu” sou massacrado,

Se não concebo, “eu” sou detestado.

 

A comunicação é um sinal

do ilusionado compreender,

que desnuda a civilidade

e estabelece o execrar e malquerer.

O subumano fixismo é um traçado

que demonstra o ritmar da parvuleza,

fabricando inquietudes e desavenças,

na mais completa e imensurável fereza.

 

Se eu conseguir chegar ao fim, “eu” agradeço!