Você ela que não era feita para o amor,
Guardava em seu coração só rancor,
Não tinha espaço vazio para a vida,
O que existia estava tingido de vermelho negro,
Como o sangue coagulado nas feridas
Que seu olhar meigo e ferino
Rompia no coração de quem a amava
E sempre ocupado pela angústia
De não ser desejada.
Rompante de mágoa e ira,
Sua boca e seus olhos demonstravam.
Dê-me sua mão para que eu possa fugir
Do que eu imaginava que fosse a felicidade;
Temos todo o tempo existente no mundo
Para negarmos a realidade
De que o amor não é simples ilusão,
Mas a vida serena e a felicidade eterna o são.
E sua boca, com sua língua letal,
Não dizia palavras ternas,
Somente suas pernas corriam da chuva,
Antes que ela batizasse a sua alma,
Que, olhando para o céu com olhos flamejantes,
Queria se esconder do amor e de Deus.
Lídia Helena, muito eu te amei.