adentramos prédios onde
as pessoas circulam com pressa
o suficiente para causar
náuseas em poucos segundos
e você busca pelo apoio
de alguma parede,
ela não sustenta o seu desamparo
e a sensação de asfixia,
pálido, despencando no abismo
que seus próprios olhos indicam
dizem as senhoritas cultas
que passam observando-o
com olhares piedosos
como se tratasse de um bastardo
abandonado em uma pátria
que não o pertence
as pessoas se movimentam com pressa como se tratasse
de uma estação de trem lotada
folhas espalhadas pelo chão pisoteadas
com a marca dos calçados de homens de negócios
e em uma delas o seu nome, bastardo poeta!
se trata dos seus escritos, furtados por
pivetes malandros que fumam cachimbos
de seus pais e correm atrás dos retraídos
seus escritos, bastardo poeta!
sendo rasgados pelos pivetes
que sorriem exibindo seus dentes
amarelados pelo tabaco
enquanto você desperta
inundado em suor
na sua cama.