Ele entrou no carro sorrindo, fez graça, contou piada sem graça. Tudo para não demonstrar o medo que estava sentindo. A caminho do hospital, olhando pela janela do carro, passa um filme na cabeça. Tosse com dificuldade, a máscara sufoca. Sente falta de ar, abre o vidro do carro, mesmo com o ar ligado. A sala de espera é uma tortura, um punhado de gente aflita, apreensiva, receosa, com muito medo. De repente um fio de esperança, alguém sorri e pega em sua mão e diz que vai ficar tudo bem. Mas ele lá no fundo sabe que não vai. Seu nome é anunciado, entra na sala do médico, que de praxe faz perguntas básicas e óbvias. Faz o exame, vai pra casa. Passa mal e retorna, o médico o coloca na fila de espera pra internação. Não tem vagas, não tem esperança, não tem ânimo. O olhar incrédulo, os pensamentos confusos. Lágrimas escorrem dos olhos. Depois de 2 dias, sai uma vaga. Na entrada da ambulância, é a última vez que vê a família, ali de pé. Ao chegar já foi intubado e encaminhado para UTI de onde lutou bravamente pela vida, mas não resistiu. Aos 38 anos de idade faleceu. Causa Mortis: Pneumonia.