Dos grilhões do trabalho enfim liberta
Fiquei com alma leve, solta,em festa
Certidão de casamento rasgada,atesta
Da prisão em que vivia há anos vivi,fugi
Recém liberta,fiz loucuras,explodiu.
Anos tolhida,numa gaiola presa,a ave saiu!
Não sabia mais suas asas usar,caiu!
Logo se recuperou quando se viu só com metade da vida
Essa metade ela teria muito que celebrar
A outra metade ela já consumirá,sem notar.
Tinha agora o néctar da vida provar.
Sabia que só estava em ordem
quando fora de ordem ficava.
É verdade que a loucura dos tímidos
cresce muito quando não é vigiada.
Depois de longo jejum,estava bem
e preparada para comer a\' farta do festim.
Resolveu tirar uma licença sabático
Fora do país, longe da família,de todos
Ensandecer e até tirar licença de si.
Virar ilustre desconhecida na vida
Andar por novas ruas e se perder,assim
Falar outro idioma com sotaque,enrubescer
Comer,dormir,amar e gozar...tudo fazer.
E,finalmente,feliz, esquecer- se!
Maria Dorta 02_04_2021