Vlad Paganini

RESSURREIÇÃO

RESSURREIÇÃO

Quando te vi entreguei meu corpo bíblico

Que não se renega ao amor por medo de amar

Quebrei minhas leis meu catecismo  

Entreguei a ti minha alma e o meu castigo

 

Acreditei na verdade dos seus gestos

Mergulhei e assassinei a tua escuridão

Penetrei no teu mais profundo poço da solidão

E tu feito um dragão

Com tua imagem de anjo

Arrebatou todo meu batismo

Abriu as páginas do meu livro, meu catecismo

 

Teu espírito comungou junto ao meu

Em lençóis encharcados de água benta

Matavas a minha e a tua vontade sedenta

 

Tempos de outrora de vidas passadas

Comungavas ali nas minhas ruas

Todo um passado de estradas mortas

Versos de outras vidas em linhas tortas

 

Ressuscitavas em mim em cada fibra da minha carne

Iluminando em fé todas as minhas marés

Num sobe e desce

Teu corpo fecundava o meu em prece

 

Concluía naquele momento

A tua alma em devoção e meu corpo em oração

Navegava dentro de mim feito um vulcão

Relampejava feito um dragão

 

Naquele local sagrado

Me possuías feito um menino

Mordia meu lábios feito homem

Arrancava de mim toda tua fome

 

Me sentia não na tua cama

Mas na tua igreja no teu manto

Teu corpo na minha religião

E minha alma arrebatando tua solidão 

 

Sentia que saíamos de uma tempestade

Salvação de vidas à beira de um abismo

Tu e eu entregávamos em catecismo

 

Saboreava tua carne em comunhão

Minha língua salivava a tua hóstia

Na mais doce redenção

 

Creio que naquele momento

A tua coragem era imortal

Amor de alma carnal

Encontro da nossa ressurreição

E de que a nossa carne era e ainda é o eixo da nossa salvação!