Devo te amar por mim?
Ou devo te odiar sem mim?
Não sei o que devo fazer!
Estou perdido no mar da meia-noite,
Sem portos próximos, sem farol nem luar…
Apenas há um leme em minhas mãos,
E um destino há selar em meu coração:
Morrer, ou deixar-se ir para dentro das trevas?
O que há nas trevas? Só escuridão?
Ou há algum jardim escondido, um lugar
Onde nós jamais estivemos, mas sempre sonhamos estar?
O que há no desconhecido? Nada?
Ou apenas a fragrância do que um dia foi?
O que há no além? Tudo?
Ou apenas a sombra daquele que se foi?
Não importa para mim, honestamente…
Jamais importou,
Pois não vivo de incertezas ou suspeitas…
Não: sou um homem dividido.
Dividido pelo amor e o ódio,
Pela luz e a escuridão,
Pela vida e a morte.
E essa ruptura, essa quebra de ser,
Pode até me assustar e me ferir lentamente,
Mas nunca me definirá por completo.
Pois, embora eu seja um capitão
À deriva no mundo,
Sem pátria nem família,
Perdido entre dois polos extremos,
Navegando em estrelas náufragas,
Pensando em sonhos submersos,
Eu sei que sempre haverá em minha alma
A canção que me leva até Tua voz, meu Deus!