Lorenzo Mazzo

A Canção do Marinheiro

Devo te amar por mim?

Ou devo te odiar sem mim?

 

Não sei o que devo fazer!

Estou perdido no mar da meia-noite,

Sem portos próximos, sem farol nem luar…

 

Apenas há um leme em minhas mãos,

E um destino há selar em meu coração:

Morrer, ou deixar-se ir para dentro das trevas?

 

O que há nas trevas? Só escuridão?

Ou há algum jardim escondido, um lugar

Onde nós jamais estivemos, mas sempre sonhamos estar?

 

O que há no desconhecido? Nada?

Ou apenas a fragrância do que um dia foi?

 

O que há no além? Tudo?

Ou apenas a sombra daquele que se foi?

 

Não importa para mim, honestamente…

 

Jamais importou,

Pois não vivo de incertezas ou suspeitas…

 

Não: sou um homem dividido.

 

Dividido pelo amor e o ódio,

Pela luz e a escuridão,

Pela vida e a morte.

 

E essa ruptura, essa quebra de ser,

Pode até me assustar e me ferir lentamente,

Mas nunca me definirá por completo.

 

Pois, embora eu seja um capitão 

À deriva no mundo, 

Sem pátria nem família,

Perdido entre dois polos extremos,

Navegando em estrelas náufragas,

Pensando em sonhos submersos,

Eu sei que sempre haverá em minha alma

A canção que me leva até Tua voz, meu Deus!